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Anabela Mota Ribeiro

Maria de Jesus Barroso

07.01.17

Maria de Jesus. As fotografias mostram-na a representar a jovem «Benilde», a dizer poesia revolucionária, a discursar num comício nos anos quentes de um país. Mostram-na envolvida pelos filhos João e Isabel, abraçada a Mário na Foz do Arelho, em 56, quando eram incrivelmente jovens e tinham a felicidade estampada na cara. As fotografias mostram-na à distância de um metro da senhora Clinton, numa elegância irrepreensível. (Comento que o casaco que traz no dia da entrevista é lindíssimo, ela confessa que tem 50 anos, que o mandou refazer. Um clássico.)

Não há fotografias, mas sabe-se que espatifava as mãos nas barrelas que fazia na casa de Paris, onde o marido se exilara. Que juntava salpicão, farinheira e chouriço num saco de viagem para fazer para ele cozido à portuguesa. E que arcou com o Colégio Moderno, que o sogro fundara, nos anos em que, proibidos de ensinar, de fazer o que fosse, a escola era tudo o tinham.

É uma lutadora. Franzina, floral, lembrada como uma pessoa «insólita» no meio do teatro, onde começou por fazer carreira. Tem uma voz delineada, firme, que diz muito da sua força.

A nossa eterna primeira-dama (embora eu prefira pensar que há qualquer coisa nela de Rainha-Mãe), tem uma agenda tão preenchida quanto a do marido. A par do percurso político, multiplicou-se em acções que promovem a solidariedade e a tolerância. 

Maria de Jesus Barroso Soares. Completará 80 anos em Maio de 2005. A vida dela poderia ter sido outra? Pode sempre. Todavia, talvez não seja estranho que o caminho cruzado tenha sido este.  

 

O seu pai morre em 1970, e a sua mãe morre três meses depois – como se morresse de desgosto. O percurso dos seus pais é muitas vezes coincidente com o seu e o do seu marido. Gostava de perceber como ama, o que norteia a sua vida, e se isso não foi fundando pelo exemplo que os seus pais lhe deram.

Isso é rigorosamente verdade. Os meus pais foram a primeira escola que frequentei. Foi com os meus pais que aprendi a descobrir o que são os grandes valores: o amor ao próximo, o respeito pelos outros. Nós éramos uma família grande, sete filhos, o pai, a mãe e uma avó. Uns pelos outros foi uma das coisas que nos infundiram, e que se manteve, aliás, pela vida fora.

 

A história de amor dos seus pais, então...

A minha mãe era professora primária. O primeiro lugar que ocupou foi na terra do meu pai, Montes de Alvor, entre Portimão e Monchique. O meu pai, como a maioria dos jovens do país, tinha dois caminhos para poder socialmente subir um pouco: a vida eclesiástica e a vida militar. Escolheu a vida militar. Eles encontraram-se ali, nasceram quatro filhos, dois deles morreram, não os conheci, e dali passaram para a Fuzeta, onde nasci e nasceram dois irmãos mais velhos que eu. O meu pai estava no regimento em Tavira e a minha mãe era professora na Fuzeta. Muitas vezes, quando fui lá depois do vinte e cinco de Abril, nas campanhas eleitorais, as pessoas saltavam-me ao caminho a dizer: «Fui aluna da sua mãezinha». Mas eu tinha um ano quando o meu pai foi irradiado para o Regimento de Infantaria Onze de Setúbal. De Setúbal viemos para Lisboa, onde frequentei a quarta classe e todos os meus estudos.

 

Foi a sua mãe que a ensinou a ler e a escrever?

Não. Fiz a escolaridade na mesma escola em que a minha mãe dava aulas, mas com outra professora. Claro que a minha mãe nos ajudava em casa, mas tinha sete filhos e não lhe sobejava tempo. Naquele tempo, as mulheres não tinham férias de parto, tinham que ir para a escola pouco depois de as crianças nascerem.

 

Tem uma imagem vívida da sua mãe grávida, de haver muitas crianças à volta?

Sou a quinta. Mas essa imagem é muito emocionante para mim. A avó, que quase não se usa agora nas casas, era muito importante na minha família. Porque estando a minha mãe super-ocupada e o meu pai deportado nos Açores, era extremamente importante do ponto de vista emocional.

 

Como era o amor da sua mãe e do seu pai?

Eram duas pessoas que se compreendiam e ajudavam. O meu pai ajudava, talvez porque os militares têm esse espírito de ajuda. Lembro-me que chegámos a morar numa quinta em Setúbal e o meu pai, muito habilidoso, era capaz de fazer as capoeiras para os animais, galinhas, frangos, coelhos, e ajudava em casa no que era preciso.

 

Havia uma expressão viva dos afectos? O modo como se amava nessa altura era diferente, (menos expressivo, mais contido), imagino, do que é hoje.

O meu pai esteva preso, o meu pai esteve muitas vezes preso, e quando foi para os Açores deportado, foi um choque imenso para a minha mãe o afastamento da pessoa com quem tinha casado, por quem tinha uma grande amizade e ternura. E o estar sozinha em casa, só com apoio da minha avó, a acudir aos filhos... Eles fizeram 57 anos de casados, eu estou a fazer 56.

 

Insisto neste aspecto porque me parece que, de certo modo, repetiu muitos dos passos da sua mãe. Conheceu, como ela, a sensação de arcar com o peso emocional e financeiro da família, com toda da dor da separação, da imprevisibilidade. O que é que a sua mãe mais estimaria no seu pai? A coragem, a heroicidade?

A coragem. Era uma das grandes qualidades que a minha mãe apreciava no meu pai. Vivíamos em ditadura e era preciso ter coragem para tomar uma atitude contra o regime. O meu pai teve-a.

 

Ele participou no golpe de 27, o primeiro contra a ditadura, não foi?

Participou e sofreu as consequências disso. O estar, por exemplo, deportado nos Açores, foi um sacrifício para ele e para todos nós. Quando o meu marido era Presidente e visitou a Ilha Terceira, muito especialmente o forte de Angra do Heroísmo, senti uma certa emoção depois de ver lá inscrito o nome do meu pai.

 

Inscrito na parede?

Sim. O meu sogro também lá esteve. São coisas inesquecíveis. Isso fez criar em nós um sentimento de solidariedade muito grande, primeiro com os membros da família e depois, esse sentimento extravasou os muros da casa e exprimiu-se através de acções em que participámos para ajudar os que sofriam.

 

Que imagem tinham do pai, então?

A minha mãe fazia-nos escrever. Tive muita pena, perdi muitas cartas. Gostávamos de contar o que nos acontecia, que o Fernando me fazia isto, a Fernanda fazia esta ou aquela acção. E ele mandava-nos postais dos Açores, alguns muito bonitos, com hortenses.

 

Quando o seu marido esteve preso e ficou sozinha com os seus filhos, incutiu-lhes esse hábito? Como é que lhes falava do pai?

Falava do pai como uma pessoa que desencadeava uma acção a favor da democracia, a favor da liberdade, com o desejo de que os direitos humanos fossem respeitados. Explicava-lhes o que é que significava estar preso. Não era que tivesse cometido um acto menos digno; pelo contrário, a sua acção era no sentido de criar no país condições melhores para todos, e para eles também.

 

Era um modo, também para si, de o ter mais perto?

Eu estava muito dentro do clima político. Quem ia a nossa casa eram os nossos amigos que estavam implicados na mesma luta. Eles habituaram-se a viver e conviver com aquela gente, o Teófilo Carvalho dos Santos, o Manuel Menezes, o Caetano Menezes, o Jaime Cortesão. A Maria Isabel Inglês, que foi madrinha da minha filha, era uma corajosíssima lutadora pela liberdade e pela democracia, fez parte da comissão central do MUD, esteve presa e foi demitida dos lugares ocupou. Eles foram criados nesse clima, a aperceberem-se de como é que nós todos sobrevivíamos, da necessidade de alguns se sacrificarem. Era o caso do pai, também.

 

A noção de sacrifício era fundamental?

Ah, pois.

 

Disse «sobrevivíamos» e não «vivíamos». Quer dizer que as condições em que viviam...

Era difícil. Para se ter um diploma para o ensino particular, a polícia política tinha uma voz activíssima nisso.

 

A senhora tinha um diploma e não a deixavam ensinar.

E ainda antes de casar, fizeram que me demitissem do Teatro Nacional. Porque não era afecta ao regime e demonstrava publicamente que não era. Era uma vida dura, mas valeu a pena, porque fortaleceu em nós um amor muito grande à democracia.

 

A noção de amor na sua família, quer a família de origem, quer a família que constituiu com o seu marido, está muito comprometida com a noção de luta, de coragem, de respeito.

Exactamente.

 

Ontem perguntava-me por que é que se apaixonou e amou este homem especificamente e não outro.

É uma coisa que não podemos explicar. Entrei para o Teatro Nacional e para a Faculdade de Letras ao mesmo. Havia vários grupos na Faculdade de Letras, uns que se interessavam mais pelas coisas culturais, outros pela política. Havia um grupo que se interessava especialmente por teatro, onde se encontrava o Luís Filipe Lindley Cintra, a Matilde Rosa Araújo, o Sebastião da Gama. Eles queriam conquistar-me todos para o seu grupo e eu dava-me com eles todos.

 

[interrupção para atender o telemóvel; a empregada pede indicações para o almoço]

 

As mulheres têm isto. Para além de terem que fazer o discurso, têm que decidir o que é o almoço, o que é o jantar... Eu encontrei no meu marido o desejo de lutar por um mundo melhor. Isso foi uma das coisas que me atraíram extraordinariamente e me fizeram aproximar dele.

 

Se essa característica não fosse tão vincada, tê-lo-ia amado da mesma maneira? 

Sinto que não poderia ter-me apaixonado por uma pessoa que não estivesse na mesma via em que me encontrava. Eu tinha outros colegas extraordinariamente interessantes, muito inteligentes, muito interessadas pela cultura, pela poesia, pela música, pelo teatro, mas achava que era muito mais importante o interesse pela modificação da sociedade em que vivíamos.

 

Foram a heroicidade e a coragem do Dr. Mário Soares...

Sim, a coragem dele, e sobretudo o interesse dele, as intervenções dele no sentido de participar na modificação do regime, que era injusto e que nos dominou durante tantos anos.


Consegue situar os pilares da vossa vida, os momentos mais determinantes?

Por exemplo, a deportação dele para S. Tomé, em 1968.

 

Antes disso, houve o casamento, que foi por procuração. Porque é que decidiram casar e porquê por procuração?

Porque não sabíamos o que poderia o futuro trazer-nos e estávamos interessados em selar essa amizade e estabelecer um compromisso entre nós.

 

Através dessa oficialização podia visitá-lo mais vezes no Aljube, onde ele se encontrava preso?

Não podia visitá-lo se não estivesse casada com ele. A polícia política não deixava que pessoas de fora, apenas amigos, se visitassem. Foi um ponto de partida importante na nossa vida. Em 68 vou viver com ele para S. Tomé, quando é deportado; se houvesse apenas uma relação de amizade seria muito difícil. Eu quis ser professora em S. Tomé. O reitor dizia-me: «Tenho muitas horas de ensino para dar, pode ser professora quer no curso diurno, quer no nocturno». Mas, claro, apesar de ter mandado buscar a minha carta de curso, o regime não deixou que ensinasse no liceu.

 

Viviam de quê, nesse período do degredo?

Vivíamos dos recursos que tínhamos. Eu tinha uma escola, o Colégio Moderno, deixei-a entregue a um primo do meu marido que não tinha nada que ver com as actividades políticas, e por isso deixaram-no ser director, e ao meu cunhado, casado com a minha irmã. Deixei as coisas todas destinadas de maneira a poder estar com o meu marido e acompanhá-lo. 

 

Estávamos a situar os momentos importantes da vossa vida.

O 25 de Abril, a chegada do regime democrático a substituir o regime ditatorial.

 

E as visitas a França, quando o Dr. Mário Soares estava exilado?

Eu ia com os meus filhos, de avião, fazíamos lá o Natal, a passagem do ano, em casa de amigos nossos. Alguns inventaram, depois do vinte e cinco de Abril, que vivíamos num palácio!, que tínhamos umas grandes facilidades! Eu mostrava as minhas mãos a alguns amigos quando vinha... Lavava roupa, fazia comida, limpava a casa, às quartas e aos domingos ia ao mercado de rua. Na altura, o meu filho conseguiu uma bolsa para a Alemanha, que o meu marido pediu ao Willy Brandt, porque tinha sido expulso da universidade por razões de ordem política. A minha filha ajudava-me já no colégio. Valeu a pena e não criou em nós nenhum sentimento de ódio aos outros, pelo contrário. É como quem visita os campos de concentração: o que a visita suscita, é uma capacidade de amar mais o próximo e rejeitar tudo o que é a negação dos valores que nos inspiram.

 

Era importante para si que o seu marido a admirasse?

Com certeza.

 

Li uma história extraordinária que gostaria que me confirmasse: de haver uma pessoa da sua família que cortou a língua para que não o obrigassem a falar...

Não era da minha família. Era o Jaime Rebelo, que conheci e cuja mulher e filhos os meus pais acolheram na nossa casa em Setúbal. Com o receio de não conseguir aguentar-se com a tortura que lhe inflingiram, cortou a língua com uma lâmina.

 

Teve medo?

Tive medo algumas vezes, não posso estar aqui a fazer de Joana d’Arc. Mas também tinha a convicção de que era importante ter coragem.

 

Foi interrogada pela PIDE. Estava ainda no Teatro Nacional, era muito novinha.

Fui interrogada por duas vezes. Uma delas porque dizia poemas revolucionários do Mário Dionísio, Carlos de Oliveira, Álvaro Feijó. Eram as armas de que me servia para demonstrar o descontentamento com o que se passava.

 

Lembra-se ainda de alguns?

Um poema do Sidónio Muralha: «Já não há mordaças nem ameaças, nem algemas que possam impedir a nossa caminhada, em que os poetas são os próprios versos dos poemas». Ou um poema que fazia muitos engulhos à polícia política, chamado «Prometeu», do Joaquim Namorado: «Abafai-me os gritos com mordaças, maior será a minha ânsia de gritá-los, amarrai-me os pulsos com grilhetas, maior será a minha ânsia de quebrá-las, rasgai a minha carne, triturai os meus ossos, o meu sangue será a minha bandeira, meus ossos o cimento de uma outra humanidade, que aqui ninguém se entrega, isto é vencer ou morrer...» Como é? Não me recordo...

 

Em que circunstâncias foi chamada à polícia política?

A primeira vez foi porque fiz um recital desta poesia revolucionária em Santarém. No dia seguinte estava a ser chamada para ver se denunciava qualquer pessoa. Queriam que dissesse: «Fui ali apenas dizer os poemas, convidada»; mas não. Eu sabia a responsabilidade que assumia participando na sessão. Era responsável por aquilo que dizia.

 

Sentiria vergonha de si se fosse menos corajosa?

Com certeza. Não me prenderam, mas chamaram-me à política. Mais tarde, encontrei na rua alguém que tinha sido demitido da emissora nacional e que me disse: «Ó Maria Barroso, faça o que eu fiz: escreva uma carta ao Salazar e será reintegrada no Teatro Nacional». Eu olhei para ele, muito espantada e disse: «Você não me conhece, pois não?, não sou capaz de fazer uma coisa dessas». Não escrevi carta nenhuma ao Salazar, aguentei com as consequências de tomar uma decisão política.

 

É sempre nítida a linha que demarca o que é digno do que não é, o que é lícito aceitar do que não é?

É. Como é que queria que eu, filha de um homem que lutou pela democracia... O meu pai celebrou 74 anos na sede da polícia política, na Rua António Maria Cardoso, a fazer a tortura do sono. Eu denegria toda aquela herança que recebi dos meus pais, dos meus irmãos?

 

Quando se tem essa tenacidade, essa herança, qualquer sacrifício é fazível?

Desde que se queira, que isso corresponda a um imperativo da nossa consciência, a gente não faz concessões. Não fiz concessões ao regime, como lhe disse.

 

E concessões ao amor?

Ao amor? Fazem-se as concessões que entendemos que devemos fazer porque amamos, porque estamos dispostos a sacrificar tudo para demonstrar o nosso amor a outro ser humano. Fui sempre tímida na maneira de estar no mundo, mas determinada na defesa dos valores que entendia que eram fundamentais.

 

Não se incomodava com a má reputação que o meio artístico então gozava?

O meu pai consentiu que fosse para o Conservatório. A minha mãe não gostava e chorava, exactamente por causa dessa ideia de que o curso de teatro era um curso de perdição e o teatro era um local de perdição. Mas o meu pai dizia, e com razão: «Não são as profissões que fazem as pessoas, são as pessoas que fazem as profissões. Acredito e tenho confiança na minha filha, mas com uma condição: tirar um curso superior». Fiz exactamente isso. Fui fazer ao Liceu Pedro Nunes o antigo sétimo ano e o exame de aptidão à faculdade, e entrei na faculdade. Representei quatro anos no Teatro Nacional com uma mestra admirável por quem tinha a maior consideração e respeito, Amélia Rey Colaço. E todas as noites tinha a minha mãe como companhia para ir para o Teatro Nacional.

 

«Benilde» foi uma das suas interpretações mais notadas. Quando Manoel de Oliveira filmou o texto, participou do elenco.

Depois fui fazer a «Casa da Bernarda Alba» do Lorca, uma personagem totalmente diferente da Benilde. Foi em 48, ainda fomos ao Porto, mas não nos deixaram representar, porque acharam que era uma peça revolucionária. Deu-me um grande desgosto. A própria figura da Bernarda Alba, representada pela grande actriz que era a Palmira Bastos, era a encarnação da ditadura.

 

Que legado deixa aos que lhe são próximos?

Não deixo nada de especial. É uma actuação, uma vida alimentada pelos grandes valores que eu própria assumi dos meus pais: o respeito pelos outros, o sentido da solidariedade com aqueles que são os mais frágeis na sociedade, o amor ao próximo, o respeito pelas suas opções religiosas, políticas, etc. Já não tenho muito para dar. Podia ficar em casa a gozar de uma certa comodidade a que teria direito... Mas não sou capaz.

 

Se se aquietasse, morreria mais cedo?

Acho que sim. Parar é morrer, diz o povo.

 

Sente-se viva, desta maneira.

Não sei funcionar de outra maneira. Quando agora fui ao Egipto, o meu marido e os meus filhos disseram: «Ai, não vás, é perigoso». Eu vou porque se puder ajudar um pouco que seja, continuo a ajudar. Foi sempre o meu sonho: participar de alguma maneira, para transformar o mundo de intolerância num mundo pacífico e solidário. Aliás, é esse o ensinamento da Igreja. Aquilo de que mais me orgulho é de não me ter acomodado a uma sociedade em que os valores materiais se impõem. Foi isso que me fez reagir e inspirou as minhas acções, que me fez sofrer, mas também ter grandes alegrias.

 

 

 

Publicado originalmente no DNa do Diário de Notícias em 2004